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Incredible India – Uma Abordagem “Holística” da Caxemira

Nesta matéria você conhecerá não só os lugares, mas também as lendas, o misticismo, as religiões, a cultura do estado da Caxemira e muito mais! É longa, mas é legal (e é cultura também!).

Ainda em Délhi, em Connaught Place, nós encontramos uma agência de turismo com um agente de viagens que era literalmente o 007. Ele nos ajudou a formatar melhor a viagem e a marcar os vôos para as cidades que escolhemos visitar. E ainda por cima nos convidou para jantar na casa dele com sua família muçulmana. Foi muito interessante. Eles fizeram cabrito (acho eu!) e tivemos que comer com as mãos. A casa era bem bonita, mas fiquei impressionada com o número de moradores lá dentro (tinha umas 15 pessoas para dormir em 3 quartos!).

O 007 conseguiu para nós, os melhores lugares do avião com a melhor companhia aérea indiana – a Kingfisher que é também uma marca de cerveja. Avião e cerveja, tudo a ver (…), pode-se dizer que na Índia qualquer coisa pode acontecer e é simplesmente, normal.

Vou contar os antecedentes históricos da Caxemira para vocês se inteirarem da situação. O estado está localizado no norte da Índia e é disputado por Índia e Paquistão desde o fim da colonização britânica. Em 1947, com a guerra da independência, dois novos países foram criados: a Índia de maioria hindu e o Paquistão de maioria muçulmana.

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A ONU emitiu uma resolução no mesmo ano, que implicava a decisão da população em relação à situação política da Caxemira, através de um plebiscito (votação onde a vontade do povo prevalece). Todavia, o plebiscito não foi realizado e o território foi incorporado à Índia, indo contra a vontade do povo e do Paquistão, o que levou à guerra de 1947 a 1948. O conflito termina com a seguinte divisão da Caxemira: cerca de 1/3 fica com o Paquistão (Caxemira Livre e Territórios do Norte) e o restante com a Índia (Jammu e Caxemira – este é o nome do estado até hoje).

Em 1962, a China conquistou um trecho de Jammu e Caxemira (Aksai Chin); no ano seguinte, o Paquistão cede aos chineses uma faixa de território. O conflito de 1965, não trouxe modificações territoriais. Em 1980, guerrilheiros separatistas começam a atuar na Caxemira indiana, o que ocasionou a morte de muitas pessoas. A Índia acusa o governo paquistanês de apoiar os guerrilheiros e intensifica a repressão (estes eram favoráveis à unificação com o Paquistão). Alguns dizem que a área continua tensa devido a atuação de movimentos de pró-independência da Caxemira. Vale salientar que ambos possuem bombas atômicas, a Índia fez seu 1º lançamento em 1974 e o Paquistão em 1998. Questões a serem pensadas, não???

Tudo bem que quando você sai de qualquer aeroporto para o estado da Caxemira, há todo um ritual (…) é uma função, pois você tem que tirar quase todas as coisas da mala, mostrar aos oficiais e explicar o que é cada coisinha, cada “apetrecho”, mas faz parte até porque não queria ser considerada uma terrorista brasileira, então a gente coopera com a galera.

Chegando a capital, Srinagar, o Rafiq (um moço a princípio simpático, depois descobrimos que ele era um vendedor canibal) estava nos esperando. Durante a “viagem” do aeroporto até a cidade, pudemos observar as ruas indianas de Srinagar.

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Estas estão repletas de barricadas e policiais com armas e metralhadoras. O Rafiq nos explicou que esta é uma situação normal na Caxemira há muitas décadas, mas que não há perigo para os turistas (só as vezes que os policiais os revistam para ver se não estão levando drogas ou armas). Ele nos contou que esse foi um grande problema para o turismo no estado, pois o número de turistas diminuiu bastante devido ao medo e a insegurança. Mas que na verdade não existe uma ameaça iminente, os policiais estão ali caso haja um ataque terrorista vindo do Paquistão ou então de grupos separatistas.

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O Rafiq nos levou a uma boat-house (casa-barco) no Nagin Lake. Estas são habitações típicas de países do oriente.

RUAS DE SRINAGAR, CAXEMIRA

Entramos no barquinho que fica preso no lago e fomos conhecer a nossa nova casa pelos próximos dias. A casa tinha 2 quartos (os 2 eram suítes e bem grandes, por sinal!), sala de jantar, living room (com lareira) e varanda. Muito, mas muito interessante!

Bom, o frio começou a se intensificar e nós não havíamos levado casacos, pois não pensamos que íamos a lugares tão frios. Nosso guia (nos deu 2 ponchos de cashmere). Você sabia que o cashmere é originário da Caxemira? Obviamente muitos lugares atualmente produzem cashmere, mas dizem as más (ou boas…) línguas que o melhor do mundo é produzido aqui.

Para iniciar nossa trip pela Caxemira, nós fomos fazer um tour de barquinho pelas proximidades do Nagin Lake.

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Booking.com

O barco era desse jeito, super colorido, com cobertores, almofadas e cobertura para não apanharmos chuva (caso chovesse!).

“PASSEIO DE BARCO EM NAGIN LAKE, CAXEMIRA”

Este era o homem-flor (Flower-Man) como ele se designava. Na Caxemira, o comércio também é feito assim (ou melhor, é como eles abordam os turistas que ficam nas casas-barco ou quando estes vão passear de barco). É impressionante como eles aprendem diversas palavras em todas as línguas para agradar o turista. Este soltou: “Hola, hola, Coca-Cola. Mira, mira, Caxemira”. Impossível não dar risada, até porque a entonação dele foi fantástica. Escute no vídeo.

“HOLA, HOLA, COCA-COLA, MIRA, MIRA, CAXEMIRA”
http://youtu.be/MIdBHsx09NA
Nossa próxima parada, os Himalaias. Ou melhor, as montanhas desta cordilheira asiática que separa o subcontinente indiano do planalto tibetano (agora parte da China) no norte. O nome Himalaia vem do hindi hima = neve + laya = montanha e conta com uma extensão de 624.000 km2.

Começamos nosso trekking (só que com mulas, muito divertido!), mas depois de um tempo fica um pouco monótono, então fui andando mesmo. A paisagem é perfeita. Pena que é inverno e o céu está branquinho, porque dizem que no verão fica um azul maravilhoso. Mas que bom… é uma ótima desculpa para voltar.

“HIMALAIA”

Esta foto é hilária, pois esta frase (acione ou toque a buzina!) está presente atrás de todos os caminhões da Índia, dos riquixás (ou tuc-tucs – aqueles veículos motorizados de 3 rodas que comentei na 1ª matéria) e de alguns carros.

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É que o trânsito na Índia é um “pouco” (risos) caótico. As pessoas não utilizam espelhos retrovisores, setas ou sinais, nada. Elas usam apenas, a buzina. Se você vai para a direita, o que você faz? Você buzina. Se você vai para a esquerda, você também buzina. Como eles se entendem? Eu também não sei. Gostaria de descobrir, deve ser algum tipo de comunicação telepática, pois mesmo com essa bagunça eles não se acidentam (também, com tantos carros e andando a 20 por hora é difícil mesmo).

“FANTÁSTICO HIMALAIA CRIANÇAS”

Já ia me esquecendo de comentar (…) Alguns estudiosos dizem que os ciganos são originários da Caxemira. Outros dizem que este povo veio da Moldávia e da Romênia. Não se sabe dizer com precisão de onde eles vieram realmente. Mas sabe-se que eles se estabeleceram na Índia (fato comprovado).

Vale destacar a semelhança do idioma romanês (língua falada pelos ciganos) com o sânscrito que é a língua clássica indiana. O que não se sabe é se esses eternos viajantes, amantes da música, das cores e da magia, pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana ou a uma casta aristocrática e militar. O que se sabe realmente é que estes eram um povo nômade devido as questões climáticas da região que viviam. Durante as estações mais amenas, estocavam alimentos e lenha para sobreviver aos rígidos invernos. Muitos imigraram para outros países e desta forma, ficaram conhecidos mundialmente.

Uma outra região que é um ponto interesse importantíssimo é a cidade de Ladakh, um lugar onde a paisagem é dotada de muitas montanhas, vales de rios e platôs. Esta região já foi uma área comercial onde passaram muitas caravanas de vendedores que levavam especiarias e outros produtos para comercializar com a Ásia central. A cidade de Leh é muito interessante e vale a pena ser visitada e o Nubra Vale também, pois diz-se que suas águas são terapêuticas. Nós não pudemos ir a estes lugares, pois as estradas estavam cobertas de gelo.

Mas pude vislumbrar as belas paisagens de Ladakh com o filme “Samsara” de Pan Nalin que mostra a vida do monge tibetano Tashi que ficou 3 anos meditando em uma caverna. Após sua reclusão, ele volta a viver em um convento e começa a ter sonhos eróticos com uma mulher do lugarejo. Não vou contar a história, assistam porque vale a pena só pelas belas imagens dos Himalaias. Para os indianos, muitas histórias do hinduísmo estão fortemente enraizadas às montanhas, portanto quando pergunta-se a um indiano sobre a cordilheira no horizonte, o mesmo diz que esta é a casa dos deuses (Devbhumi).

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Ah! Você também tem que visitar a cidade de Dharamsala que é a cidade do Dalai Lama. Pois é, muita gente não sabe que o budismo teve sua origem na Índia. Mas é verdade! Quem sabe você não encontra a paz e também, o líder do budismo tibetano neste pequeno vilarejo do Himalaia?

Bom, voltamos a casa-barco para celebrar o natal. Nosso cozinheiro (não pensem “oh, que chique”, mas é que quando alugamos a casa, veio o pacote completo e na verdade, não sabíamos destas regalias) estava nos esperando com a ceia. Na Caxemira, de maioria islâmica, não há bebidas alcoólicas, então vocês devem imaginar que o responsável nos cobrou uma fortuna por um vinho “meia-boca” (mais o resto de um vidro de perfume que o Marcel ofereceu na troca).

“RUAS DE SRINAGAR”

Mais um vídeo das ruas da capital da Caxemira. Mas é isso pessoal, já fiz vocês lerem demais. O resto fica para o próximo destino, o estado do Rajastão. Espero que vocês tenham feito uma ótima viagem!

Autora: Antonella Satyro
E-mail: [email protected]

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Escrito por Mauricio Oliveira

Maurício Oliveira é social media expert, consultor e influenciador de turismo e empreendedor. CEO do portal Trilhas e Aventuras, também conta suas experiências de viagens pessoais no blog Viagens Possíveis. Especialista em Expedições na Rota das Emoções e Lençóis Maranhenses. Ama o que faz no seu trabalho e nas horas vagas também gosta de viajar. Siga no Instagram, curta no Facebook, assista no Youtube.

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