Porto de Galinhas – vá mas não faça titica





Muito se fala deste local. É um dos pacotes mais vendidos nas operadoras, ganha destaque mês sim mês também nas revistas especializadas, e foi eleito diversas vezes o melhor destino do Brasil. Estando lá, não é difícil perceber o porquê de tanta popularidade – o acesso é fácil: há ônibus de linha e de turismo saindo direto do aeroporto de Recife, a viagem de carro não dura nem uma hora, e a estrada é boa. A estrutura é completa: pousadas e hotéis para todos os gostos e bolsos, bares e restaurantes os mais variados, infinitas lojas de lembrançinhas e artesanato, e até grifes como Richard’s e O Boticário. E a prefeitura local faz questão de ressaltar tudo isso: há cartazes, outdoors e anúncios sempre convidando mais gente.

Realmente este é o tipo de destino que agrada a 99% da massa de turistas. Eu estou no 1% que busca tranqüilidade, distância da vida urbana e interação com a natureza. E esta, aqui, acaba muitas vezes em segundo plano na preocupação dos visitantes. Isto posto, o lugar é realmente lindo e vale mesmo a visita, com ressalvas que colocarei aqui.

A cidade de Porto de Galinhas fica na parte “central”, entre Muro Alto e Maracaípe. Este último é o destino de surfistas e de estrutura mais simples, mas ainda assim agitado. Já o primeiro abriga os resorts luxuosos de quem quer se isolar do tumulto na região central de Porto.

A grande atração do local só é aproveitada algumas horas por dia: as lindas piscinas naturais se formam na maré baixa, e fora deste horário a faixa de areia some e as ondas tomam conta, impossibilitando o banho. A rotina diurna gira em cima da tábua de marés: em qualquer ponto da cidade você encontra informação sobre o horário em que as piscinas vão surgir. E a partir desde momento, a praia se transforma em um centro de comércio: jangadeiros com velas contendo anúncio das mais diversas marcas oferecem passeios a R$8.

Acho que não chega a 5 minutos o tempo para ir até a beira das piscinas, trajeto esse que pode ser feito tranquilamente (com câmera na mão e tudo) pela água, mal molhando o torso, por uma faixa de areia mais à direita na praia. Ainda assim, as dezenas de jangadas estão sempre em movimento, levando e trazendo turistas. E mais – recomendam que vão de chinelo, para poupar seus delicados pés e esmagar todo e qualquer resto de vida que esteja cobrindo os recifes. Mas o ápice do comércio é a venda de ração especial para os peixes, por jangadeiros cadastrados pela prefeitura! Será que tudo que eu aprendi sobre não interferir na natureza está errado?

Optei por uma atividade menos prejudicial e mais proveitosa: diversas operadoras de mergulho ficam ali mesmo, na areia, e a saída é feita também em jangadas, cheias de cilindros de oxigênio, reguladores, coletes e afins. Cheguei cedo, o que me permitiu aproveitar um momento de relativa paz: ainda não haviam dezenas de “batismos” (mergulhos com quem nunca fez a atividade antes – você é literalmente rebocado pelo instrutor) e nem jangadas passando sobre a cabeça. A fauna local é muito variada e o mergulho, de 45 minutos, foi uma experiência incrível, tendo sendo recebido por um imenso cardume de peixe-galo, logo na descida, e com seu ponto alto na descoberta do peixe-pedra, camuflado em uma toca.

Para sair da agitação de Porto, o melhor destino é Muro Alto. Os passeios até lá, em bugre, chegam a R$50 por pessoa. Por R$3 você pega um moto táxi que te deixa na areia. O clima é totalmente diferente: a praia é bem extensa e, para o lado esquerdo, deserta. No lado direito, é tomada pelos resorts, com aluguel de jet ski, banana boat, windsurf, etc. Por toda a extensão, um imenso recife (o “muro”) separa a praia da força do mar, formando uma piscina gigante onde pode-se ficar por horas, aproveitando os peixes e crustáceos oferecidos pelo único quiosque no local, ou sendo servido por garçons na frente dos hotéis requintados.

No outro extremo, chega-se a Maracaípe, praia de ondas fortes e destino dos surfistas. Ali, um dos principais passeios é o do cavalo-marinho. Guias-mirins conduzem pelo mangue até a beira do rio, onde embarca-se novamente em uma jangada, ao preço de R$8. Entrando no mangue, o primeiro ponto de interesse é um bar flutuante em uma jangada! Não era um passeio pela natureza? E então vem a segunda parada, segundo o jangadeiro é onde os cavalos-marinhos ficam em maior quantidade, reproduzindo-se entre os galhos das árvores do manguezal. A pesca de peixes e caça de animais é proibida na época de reprodução, os locais de desova de tartaruga ficam fechados para visita…será que o cavalo marinho gosta é de público? Ah sim, e tem outro bar, este estabelecido na margem.

Para ver os cavalos-marinhos, é preciso fôlego: mergulhar bem próximo ao fundo de lodo, e procurar próximo às raízes. Mas para os que não quiserem o esforço não tem problema – o jangadeiro pega um cavalo-marinho na mão e coloca dentro de um ponte de vidro para que todos o vejam! Uma turista ainda pergunta se aquilo não prejudica o bicho, e ele responde que não, não tem problema nenhum!!! Dá vontade de colocar o jangadeiro dentro do pote.

Saí de Porto com um grande peso na consciência por ter participado de tal degradação, e uma contradição: acho que contribuí para fazer dali um lugar cada vez mais longe do que me desperta interesse.

Autor: Rafael Serpa
E-mail: rserpa@gbl.com.br

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Mauricio Oliveira: Maurício Oliveira é social media expert, consultor e influenciador de turismo e empreendedor. CEO do portal Trilhas e Aventuras, também conta suas experiências de viagens pessoais no blog Viagens Possíveis. Especialista em Expedições na Rota das Emoções e Lençóis Maranhenses. Ama o que faz no seu trabalho e nas horas vagas também gosta de viajar. Siga no Instagram, curta no Facebook, assista no Youtube.