Aventura na Gruta da Mangabeira, em Ituaçu – BA

Esta é a verdadeira estória de 3 rapazes, Gilberto e seu irmão Alberto e o primo Fábio, que numa tarde de sábado de 1986, época de festas juninas, resolveram se aventurar em um lugar que jamais haviam estado antes. Nossa aventura começa logo quando chegamos na pequena cidade de Ituaçu, situada a pouco mais de 100km de Vitória da Conquista, após uma conturbada viagem. Já era início da noite, uma pequena neblina caía sobre a cidade. Numa pracinha a poucos metros de onde estávamos, uma multidão dançava ao som de música sertaneja. Não perdemos tempo e resolvemos ir direto para a caverna, apesar de não sabermos para qual direção ela ficava.

Informamo-nos com uma senhora, que se aproximou, cambaleando. Provavelmente estava embriagada, pois sentimos o odor de bebida alcoólica, quando a interrogamos sobre qual direção ficava a caverna. Alguns metros adiante, resolvemos parar e obter novas informações em uma pequena casa, típica do local, onde havia uma luz acesa – desconfiamos que a senhora havia nos informado errado, devido ao seu estado, digamos, crítico. Fomos recebidos com latidos de cães. Uma pessoa saiu à porta da casa, então perguntamos para que lado ficava a caverna.

Minutos depois seguimos por uma pequena trilha, onde nos levou para um pântano. De longe podíamos avistar as luzes da vila. O meu primo Fábio insistia para que fôssemos por dentro do lamaçal, mas me recusei, porque aquele caminho não correspondia com o qual nos foi indicado. Durante alguns momentos de discussão e dúvida, resolvemos voltar para a estrada e tomarmos outro caminho. Desta vez passamos por dentro de um curral, entre arbustos e rochas, até que chegarmos na pequena vila, distante 4km da cidade de Ituaçu. Estávamos todos enlamaçados, com fome e cansados. Perguntamos onde poderíamos encontrar um lugar para passarmos a noite. Nos indicaram o dormitório do “Seu Joaquim”. Foi um alívio quando tomamos um banho e fizemos uma refeição, preparada por Dona Dazinha, esposa do Seu Joaquim. Logo após, adormecemos.

No dia seguinte, logo pela manhã, rumamos para a caverna, que não ficava muito longe do local onde dormimos, cerca de 100m. Fiquei impressionado ao ver a entrada. Uma escadaria com vários degraus conduzia até o interior da gruta. Lá dentro existia uma pequena capela, onde os romeiros costumavam pagar promessas e pedir bênçãos. Um pequeno guia, Genival, filho do Seu Joaquim mais Dona Dazinha, foi quem nos mostrou os caminhos da gruta. Com nossas pequenas lanternas, uma máquina fotográfica e um lampião, seguimos pela gruta, parando a todo momento para admirar as belezas das estalactites ( colunas de água cristalizada que descem do teto da caverna em direção ao chão ) e das estalagmites ( colunas de água cristalizada que se erguem do chão em direção ao teto da caverna ).

Em alguns casos, as estalactites se encontram com as estalagmites, formando colunas incríveis. Outras se pareciam com figuras de pessoas, de naves, de mesas, enfim, um mundo de imaginação subterrâneo. Em determinados trechos da gruta, nós desligávamos as luzes das lanternas, ficando numa escuridão total. Era uma sensação tocante, de medo, de insignificância, ali sob toneladas de rochas calcárias, que demoraram milhares ou milhões de anos para se formar. Continuamos seguindo, sempre admirando cada detalhe, até chegarmos ao outro lado, depois de horas.

Esta foi uma das melhores experiências que já tive. A Gruta da Mangabeira fica a 4km de Ituaçu, que por sua vez situa-se a pouco mais de 100km de Vitória da Conquista. Se você é assim como eu, que gosta de aventuras, então escreva contando a sua.

Autor: Alberto.
E-mail: alberto13@ieg.com.br
Cidade/UF: Ituaçú – BA

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