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Conhecendo a Serra da Mantiqueira – Gonçalves de Minas

GONÇALVES – Encravada no alto da Serra da Mantiqueira, à 180km de Campinas/SP, com 4.100 habitantes e clima subtropical, Gonçalves fica ao sul do Estado das Minas Gerais, a uma altitude média de 1350 m acima do nível do mar, com seus 186 km2, entre cidades como Monte Verde e Campos do Jordão. Gonçalves esta localizada e perimetrada entre as cidades de Camanducaia (32km), São Bento do Sapucaí (21km), Paraisópolis (21km), e Sapucaí Mirim (24km).

O município de Gonçalves surgiu em 1878 de um núcleo residencial de alguns colonos de sobrenome Gonçalves. O Distrito foi criado em 1902 e instalado oficialmente em 1909, emancipou-se em 30/12/62, desmenbrando-se de Paraisópolis.
Seu clima permite temperaturas em torno dos 30ºC no verão e geadas congelantes de –10ºC no inverno.

A cidade possui um relevo 79% montanhoso, 14% ondulado e 7% plano, o que proporciona em Gonçalves altitudes entre 960 e 2.100 m acima do nível do mar.

De atividade econômica simples, a economia baseia-se na agropecuária, focada na batata, banana, cenoura, leite, milho, frutas temperadas extrativismo de pinhão.

Possui um conjunto paisagístico singular, com montanhas rochosas, relevo tipicamente acidentado, penhascos, florestas remanescentes da mata atlântica, florestas de araucárias, cachoeiras com águas cristalinas e geladas, rica fauna e flora silvestre exuberante resultou em área de proteção ambiental através do Decreto Estadual nº38.925 de 17/06/97, recebendo o codinome carinhoso de “A Pérola da Mantiqueira”, conservando suas características naturais e culturais.

A Viagem

Nossa viagem aconteceu no feriado de “Corpus Christi” (19-22/06/03), saindo de Campinas às 5:00h da madrugada, chegando ao camping “Recanto da Paz” às 8:20h devido a uma parada técnica para um “pit-stop” na estrada.
O caminho mais fácil foi pegar a Rod. Dom Pedro I sentido Jacareí, até a Rod. Fernão Dias, seguindo direção à Belo Horizonte. Passando por Bragança Paulista, Piracaia, Extrema, Itapeva, Camanducauia, até Cambuí. A saída da Fernão Dias para a cidade de Cambuí é através de um posto de gasolina de beira de estrada, onde há uma rua ao final do posto, que leva até o centro da cidade, onde há placas indicando a cidade de Córrego do Bom Jesus. Até Bom Jesus a estrada é de asfalto e relativamente bem conservada. A partir daí até Gonçalves existem muitas subidas e descidas através da serra em estradas de terra.

A estrada de terra é muito bem conservada, porém em dias de chuva causa grandes transtornos. O visual da paisagem é incrível e muito belo. Uma dica para os condutores é não sobrecarregar os carros de motorização 1.0, que em alguns pontos exige que seus ocupantes desçam do carro para auxiliar na subida.

O “bairro dos Costas” é o próximo destino. É o caminho para chegar até Gonçalves. Logo no bairro dos Costas, vale a pena conferir uma cena intrigante, e ao mesmo tempo esquisita, uma casa ou algo parecido, intitulada como “Bem Bolado”. Uma construção rústica cheia de badulaques, carrancas e esculturas. Nós a chamamos durante toda a viagem de “a casa do bruxo”.

É neste caminho que fica a Pousada Restaurante e Camping Recanto da Paz, onde ficamos acampados. Um local 3 estrelas, com atendimento 1 estrela. Um lugar rústico e agradável e muito frio para que fica acampado. O local dispõe de 4 chalés, e uma área para camping com quatro banheiros e dois chuveiros quentes, quiosque com churrasqueira e o restaurante que serve um ótimo café da manhã, e almoço e jantar “comestíveis”.

A natureza da Serra da Mantiqueira se faz presente na rica fauna e flora da região. Não é raro encontrar pássaros e pequenos mamíferos saciando a sede nas corredeiras. Na mata que permeia o Recanto da Paz, por exemplo, é comum acordar ao som de macacos gritando, e até mesmo vê-los nas árvores mais próximas aos chalés.

Seguindo a estrada, sentido Gonçalves, em no máximo 5 minutos se chega até a entrada de trás da cidade, ao lado do Cemitério Municipal. Estando atrás de uma igreja e entre o cemitério, seguindo pela rua à esquerda da igreja, chega-se à principal rua de Gonçalves. Logo neste inicio há um restaurante muito bom, o Mantiqueira, com um atendimento nota 10. Um pouco à frente uma confecção e uma “agência turística”, organizadora de passeios e esportes para a região. Nesta mesma rua há um mercado, um “cyber café”, e em frente à igreja matriz, uma padaria muito boa para se aquecer com um “choconhaque quente”.

Um outro local para ser conferido e aproveitado ao máximo é um Bar Restaurante chamado “Porto do Céu”, descendo a primeira rua à direita após passar pela igreja matriz e pela padaria, onde há uma casa de artesanatos na esquina.
Na cidade há guias que formam grupos para caminhadas ecológicas nas trilhas que levam aos picos e cachoeiras, onde pode se observar a rica biodiversidade da serra. Com um mapa na mão, também é possível usufruir o que a cidade oferece, sem o auxílio de um guia. Prepare o fôlego e a máquina fotográfica.

O elemento água é sem dúvida um dos mais fantásticos da natureza, e não faltam em Gonçalves, rios, as minas, córregos e afloramento de pura água cristalina, que se descortinam em belíssimas cachoeiras, onde se pode nadar em suas piscinas naturais, ou apenas tomar sol para se aquecer do frio, quase que castigante…

No primeiro dia (quinta-feira) após montarmos acampamento e conhecermos a cidade, fomos conferir um ótimo almoço no restaurante Ao Pé da Pedra, com preço baixo para poder comer-se à vontade num self-service que passa por dentro da cozinha do restaurante. O anfitrião, Sr. Antônio Viri, conhece muito bem a região, e dá dicas muito boas sobre o que fazer para aproveitar a cidade de Gonçalves. Como o nome já propõe, o restaurante do Sr. Antônio Viri, fica ao pé da pedra Chanfrada. É possível para crianças, jovens e adultos atingirem seu mirante (1870 m) após uma hora ou menos de caminhada pela encosta direita da pedra, que começa em uma trilha logo atrás do restaurante. Uma subidinha um pouco pesada para quem acabou de almoçar uma comidinha mineira campeã, mas a vista de cima do mirante compensa o esforço. Como toda trilha, o cuidado é imprescindível, tanto na subida, quanto na estadia em cima, no mirante. A pedra tem uma queda na face do mirante de cerca de 100 metros. Por isso é manter-se sempre mais perto da vegetação superior, do que do penhasco.

Na mesma estrada da Pedra Chanfrada fica a Pedra do Forno, que não foi possível conferi-la devido ao horário já avançado. É uma grande formação rochosa a 1970 metros de altitude. O acesso por trilha fica a partir do bairro da Terra Fria. A trilha é no meio da mata e o percurso pode levar no mínimo 1 hora de caminhada. Ao chegar no sopé da pedra existe uma escada de ferro preso a rocha e no topo da Pedra do Forno existe uma capelinha. A vista também é incrível e pode-se avistar a Pedra do Baú (São Bento do Sapucaí), Campos do Jordão, Monte Verde, e a Pedra de São Domingos.

Na noite deste primeiro dia, conferimos uma noite com sopas, fondue, e vinho no próprio camping, para minimizar o frio.

Durante a noite, muito frio, e temperaturas que beiraram 0ºC.

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No segundo dia (sexta-feira) conferimos uma trilha que nos levou à três cachoeiras muito bonitas, de volume de água intermediário, sentido do bairro Campestre, a cachoeira dos Venâncios, do Cruzeiro e do Retiro. Para fazer estas trilhas e aproveitar as cachoeiras, o cuidado para caminhar nas pedras é indispensável, principalmente por conta da umidade e dos liquens, que deixam as pedras escorregadias e traiçoeiras.

No final da tarde subimos na Pedra de São Domingos para curtirmos o pôr do sol. Este pico fica a 2.050 metros de altitude (o segundo mais alto da região), com visão 360º sem obstáculos. Acesso por trilha pelo bairro do Cantagalo ou de carro até o topo pelo bairro dos Costas, após 1 km dos Costas entra-se a esquerda subindo a serra por estrada estreita e sinuosa até o sopé da pedra. A visão é espetacular, abrangendo grande parte da Mantiqueira, algumas cidades do sul de Minas além de Campos do Jordão e Monte Verde. Para quem vai de carro, tomar muito cuidado, pois a subida castiga o carro, e nos últimos 500m a exigência para os carros aumenta, e boa sorte para quem for. Dos três carros em que estávamos, os dois 1.0 ficaram estacionados no meio do caminho, e o pessoal subiu à pé, em função da inclinação do monte. Foi possível observarmos um carro 1.6, outro 1.8, e outro 2.2 subirem.

Na noite do segundo dia, conferimos um jantar no restaurante do camping. Durante a noite, congelou, a temperatura baixou para -1ºC ás 22:00h.

No terceiro dia (sábado) assistimos à um show de cachoeiras a do Simão e a das Andorinhas. Muito bonitas, de volume de água intermediário, sentido do bairro dos Martins e de São Sebastião das Três Orelhas. A do Simão é uma bela queda do ribeirão campestre com cerca de 7 metros de altura dividido em dois segmentos. Deságua em uma larga piscina que a direita recebe as águas de outro córrego. Em seguida, as águas esculpem um estreito “canyon” de paredes verticais, passando por uma ponte e seguindo mais largo e manso sob um sombreado túnel formado por grandes árvores da mata ciliar. A das Andorinhas foi ótima para tomarmos um solzinho e nos aquecermos.

Na tarde descansamos um pouco assistindo ao jogo de futebol da seleção brasileira contra seleção norte americana pela Copa das Confederações que terminou com a seleção brazuca vitoriosa por 1×0, no Bar Restaurante Mantiqueira. Valeu a pena pelas cervejas e pelos petiscos.

Na noite nota 10 do terceiro dia, pudemos conferir no Porto do Céu, seu cardápio e sua musica ao vivo. Com música ao vivo, podemos assistir um show com o músico Carlinhos Antunes e banda (violões, acordeão, violino, saxofone, e percuteria), com a participação especial da cantora e compositora de MPB, Badi Assad. Um local de decoração nota 10, de qualidade culinária nota 10, de música de altíssima qualidade, mas de preços não tão acessíveis. Na noite, inacreditável, a temperatura baixou para -4ºC ás 01:00h (á água que saia da torneira estava cremosa, em função dos cristais de gelo que começavam a congelar a água), e –10ºC na madrugada. O domingo amanheceu branco da geada da noite anterior, e ás 7:00h da manhã, os termômetros registravam –3ºC (a água do sereno nas barracas simplesmente congelou!), temperatura que subiu rápido à medida que o sol ia chegando até a área em que estávamos acampados. Nem os macacos que nos acordavam todos os dias foram capazes de emitir sons naquela manhã. Até pensamos que estivessem congelados com o frio.

Toda esta diversidade propicia várias possibilidades de interação com os elementos da natureza, como passear por trilhas ou se aventurar por experiências únicas e ainda se deliciar com um banho rápido de cachoeira numa das inúmeras da região.

No quarto dia (domingo) nossas principais atividades foram desfrutar do último café da manhã no Recanto da Paz, desmontar as barracas, realizar um momento de reflexão e de preces entre nós amigos, e dar no pé, de volta à Campinas, por volta das 12:00h.
Felipe Pierre

Fontes auxiliares:
1. Informações extraídas do inventário Turístico elaborado pelo SEBRAE-MG 03/2
2. Folder: Guia da Estância Turística de Gonçalves

O que deixamos de visitar

Pedra Bonita – Pico a 2075 metros de altitude. Visão de 360º sem obstáculos, incluindo o Vale do Paraíba. Acesso por trilha. Uma caminhada ao pico da Pedra Bonita equivale a uma fantástica aula de geografia sobre a Mantiqueira. Saindo de um vale a 1500 metros de altitude, atravessam-se campos, raichos, bosques e florestas em diversos estágios de desenvolvimento. No topo, grandes blocos de rochas formando platôs, lâminas e escarpas cobertas de bromélias e musgos, a paisagem é estonteante, avistando parte do sul de Minas, Vale do Paraíba e Serra do Mar. É o ponto mais alto da região com 2120 metros de altitude. Chega-se ao cume por trilhas pela mata, sendo imprescindível o acompanhamento de guias. Acesso: Estrada de Gonçalves ao bairro do Campestre. À frente do Espaço Kalevala toma-se a bifurcação à direita até a fazenda Campestre (mais 1 km), percorre-se então a estrada particular da fazenda até o pé da montanha onde começa a trilha até a vertente. É necessário pedir a autorização na fazenda.

Pedra do Cruzeiro ou Atrás da Pedra – Maciço rochoso que emerge isolado no vale do Lambari. Assume formas variadas conforme o ângulo de visão. O topo está a 1152 metros de altitude onde há uma pequena capela e uma cruz. Em uma das faces há uma fenda que leva a uma gruta, de difícil acesso. Nos meses de frio o cenário torna-se onírico, a pedra transforma-se numa ilha em meio a um imenso mar de nuvens. Acesso: Estrada que liga Gonçalves ao bairro Atrás da Pedra, após o bairro, segue-se por mais 500metros, entrando a direita na porteira que dá acesso ao bananal. A estradinha interna sobe por cerca de 300 metros, terminando numa trilha que leva ao topo.

Mirante do Cruzeiro – No topo de um morro de conformação suave, coberto de pastagens e fileiras de araucárias está o Mirante do cruzeiro. Está a 1488 metros de latitude e é o local ideal para se avistar a totalidade da cidade, o bairro do Cantagalo e ao longe toda a região de Pouso Alegre e as serras de Paraisópolis, Brasópolis e São Bento do Sapucaí. Acesso: estrada que segue para o bairro do Cantagalo segue-se em direção ao distrito das Costas até a bifurcação para o Cantagalo, seguindo por mais 500 metros. Entra-se à esquerda, no topo da estrada, na cerca de arame farpado.

Serra da Balança – É uma sucessão de picos formando estreitos platôs, como um muro ascendente em forma de ferradura que culmina com o Alto do Campestre. As altitudes vão de 1300 a 1750 metros de altitude, alguns têm paredões verticais de mais de 100 metros voltados para o Vale de Sapucaí. A visão é sempre espetacular, podendo-se observar a Pedra do Baú, serras de Brasópolis (com tempo claro observa-se inclusive o observatório astronômico de Itajubá). Acesso: seguindo a estrada que liga Gonçalves ao bairro dos Venâncios. Chegando no bairro dos Venâncios pode deixar o carro e caminhar a pé, a estrada não é aconselhável para automóveis, somente motos e cavalos, a estrada é estreita e possui várias porteiras, atenção para sempre fechar as porteiras ao passar.

Cachoeira Fazendinha – Na estrada que liga a cidade ao bairro Sertão do Cantagalo, 1 km antes da vila, segue-se a esquerda no entroncamento por 800 metros, contornando a mata até chegar às quedas. Com cerca de 100 metros de extensão, a cachoeira fazendinha é uma bonita atração no bairro do Cantagalo; ela desce por uma longa encosta inclinada, formando pequenas piscinas em campo aberto até terminar numa queda maior, dentro de um bosque cercado de samambaias gigantes, a 1650 metros de altitude.

Autor: Felipe Pierre.
E-mail: [email protected]
Cidade/UF: Sao Jose dos Campos – SP

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Escrito por Mauricio Oliveira

Maurício Oliveira é social media expert, consultor e influenciador de turismo e empreendedor. CEO do portal Trilhas e Aventuras, também conta suas experiências de viagens pessoais no blog Viagens Possíveis. Especialista em Expedições na Rota das Emoções e Lençóis Maranhenses. Ama o que faz no seu trabalho e nas horas vagas também gosta de viajar. Siga no Instagram, curta no Facebook, assista no Youtube.

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